domingo, 26 de outubro de 2008

A Mostra e Eu

Apenas para contribuir com a minha dor de cabeça, a tão esperada Mostra Internacional de Cinema de São Paulo começou na mesma semana em que eu iniciei um curso intensivo de programação (que já deveria me dar dor de cabeça o suficiente). O resultado é que eu não vi e nem verei metade dos filmes que gostaria. Já no sétimo dia da Mostra e eu compareci a apenas cinco filmes. Gostaria mesmo de ter mais filmes para criticar e mais tempo para criticá-los. Enfim, quem não tem cão... Vamos nessa. 


Las Meninas (de Ihor Podolchak, Ucrânia, 2008) - Primeira sessão do primeiro dia da Mostra. Me interessou por causa da foto (essa aí mesmo, bela imagem) e pela história, que parecia intrigante. Mas em apenas cinco minutos de filme deu pra perceber que a trama não importava tanto. Uma família, cujo número e identidade dos membros não está muito clara, vivendo no ambiente claustrofóbico de uma casa de campo, servindo apenas para uma série de delírios de som e imagem (aliás, a fotografia e a edição de som são impressionantes). 

É um filme bem difícil e sem gênero, daqueles que você sabe que são bons mesmo quando não te agradam tanto. Foi descrito como uma pintura viva, e isso faz muito sentido. E serve pra mostrar uma coisa típica da mostra, que é a imprevisibilidade (isso é uma palavra?) da maioria dos filmes que você vai ver. Baseado na foto e na sinopse, eu jurava que ia assistir um feel-good movie do leste europeu. 










Quando Você Viu Seu Pai Pela Última Vez? (de Anand Tucker, Reino Unido, 2007) - Outra coisa típica da Mostra é a correria. Mesmo vendo apenas dois filmes naquele dia, acabei passando por isso. Marquei o tempo exato que levava para correr do Shopping Frei Caneca até o Espaço Unibanco na Rua Augusta (dez minutos no máximo) e comprei o ingresso para ver esse filme logo depois de "Las Meninas". Mas... a Imprevisibilidade!! A projeção de "Las Meninas" deu defeito e a sessão atrasou vinte minutos! E acabei perdendo as primeiras cenas de "Quando Você Viu...", filme que adapta o livro de Blake Morrison sobre sua juventude agüentando as manias de galã e bon-vivant do pai, vivido pelo sempre bem-vindo Jim Broadbent. Ou seja, eu perdi essa cena das bananas... E olha, esse sim é um feel-good movie. Nada contra o tom meio água-com-acúcar (tem até câmera girando ao redor dos protagonistas). Boas interpretações, bem escrito, bem dirigido e muito capaz de provocar umas lágrimas verdadeiras na platéia. Melhor do que a maioria. 


Love Life (de Maria Schrader, Alemanha e Israel, 2007) - Eu devo ser muito burro, pois só agora descobri o maldito Festival da Juventude. Esse tempo todo eu podia estar vendo filmes de graça! O problema é acordar pra chegar no cinema às dez da manhã. Cheguei lá e vi esse filme bonitinho (caramba, eu sou bom de crítica) sobre uma garota israelense insatisfeita com a vida, com os pais, com o casamento e com o serviço de transporte público (é, eu também ficaria com medo de pegar ônibus em Israel). Se a soma de partes boas fez de Quando Você Viu Seu Pai..." um filme um pouco acima da média, esse "Love Life" consegue somando um bando de fatores desfavoráveis. O roteiro tem momentos, mas nada surpreendente ou muito inspirado (cheio de matáforas ou muito óbvias ou muito exageradas). Os atores são a mesma coisa, com excessão da mulher que interpreta a mãe da moça, e de Rade Sherbedgia (um tipo de Billy Conolly galã e mal-humorado do Oriente Médio), que interpreta o amigo do pai da moça e

a leva pro mau caminho, aos poucos revelando segredos da família. A edição é estranha - há um momento hilário em que esse velho tarado, devidamente nu, se levanta da cama e um close rápido estilo chicote prontamente nos esconde a bunda dele (acho que ele dava um piti no set se mesmo o cofrinho aparecesse). 


Três Dias de Chuva ( de Michael Meredith, EUA, 2003) - Um daqueles filmes com vários núcleos diferentes, adaptando várias histórias do bom e velho russo Anton Chekov para a contemporânea cidade de Cleveland. É meio cansativo, um texto pobrezinho e uma edição terrível, mas tem momentos - só não sei se valem tanto a pena. 










Adoração (de Atom Egoyan, Canadá, 2008) - Sempre ouvi falar de Atom Egoyan, mas nunca vi um filme dele. Pois hoje me arrependo e vou procurar mais do trabalho desse cara. A história do rapaz que inventa uma trama de terrorismo sobre os pais falecidos chega a ser assustadora em alguns momentos e engraçada em outros. Cinema de qualidade em todos os aspectos - nem preciso falar tanto delem. A pequenos momentos duvidosos no decorrer, mas nada que comprometa.

 

Essa foi a primeira semana da Mostra pra mim. Darei notícias.




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